
Corrente contínua ou alternada? Esta foi a questão que opôs dois dos maiores inventores de todos os tempos, Nikola Testa e Thomas Edison, e que cativou o mundo no final do século XIX. Hoje, ambas as formas de corrente desempenham um papel essencial nos sistemas elétricos, mas diferem no modo como a energia é transportada e utilizada. Conheça as diferenças entre estas duas formas de corrente, as suas aplicações no dia a dia e a sua importância na tecnologia moderna.
O que é a corrente elétrica?
Antes de abordarmos a corrente contínua e a corrente alternada, primeiro é importante perceber o que é, ao certo, a corrente elétrica. De forma simples, a corrente elétrica é um movimento de iões e eletrões num material condutor, que acontece devido à diferença de potencial elétrico entre um ponto inicial e um ponto final. Os eletrões deslocam-se do lado negativo, onde a concentração de partículas elétricas é maior, para o lado positivo, onde há menos eletrões, originando a corrente elétrica. Esta ocorre numa única direção (corrente contínua) ou em ambas as direções, alternadamente (corrente alternada).
Corrente contínua: o que é?
Quando falamos de corrente contínua (CC ou DC, em inglês), referimo-nos a um tipo de eletricidade onde os eletrões fluem sempre na mesma direção, mantendo uma carga estabilizada. Este tipo de corrente é essencial para o funcionamento de baterias, pilhas e geradores, garantindo a alimentação de dispositivos eletrónicos, como telemóveis e computadores portáteis.
A energia solar fotovoltaica também depende da corrente contínua, já que os painéis solares geram eletricidade neste formato antes de ser convertida para corrente alternada para uso doméstico.
Vantagens da corrente contínua:
- Mantém um fluxo constante de eletricidade, sem oscilações, garantindo maior estabilidade para dispositivos eletrónicos.
- É utilizada diretamente em baterias, como as dos telemóveis, carros elétricos e painéis solares, sem necessidade de conversão para corrente alternada.
- Permite uma maior eficiência em circuitos de baixa tensão, sendo ideal para sistemas renováveis como a energia solar.
Desvantagens da corrente contínua (CC):
- A transformação da tensão é mais complexa e dispendiosa, exigindo conversores específicos para aumentar ou diminuir a voltagem.
- A maioria dos eletrodomésticos e equipamentos industriais funciona com corrente alternada, tornando necessária a utilização de conversores para adaptação.
Corrente alternada: o que é?
A corrente alternada é o tipo de eletricidade utilizado na rede pública e na maioria dos equipamentos em casa. Esta popularidade deve-se ao facto de poder ser facilmente transformada para diferentes níveis de tensão e transmitida a longas distâncias com menores perdas de energia em comparação com a corrente contínua.
Na corrente alternada, o fluxo de eletrões muda de direção periodicamente. Por exemplo, na Europa a frequência padrão é 50 Hz, o que significa que a corrente muda de sentido 50 vezes por segundo.
Quando a energia chega a casa, já está na tensão adequada para ser utilizada em eletrodomésticos, iluminação e outros equipamentos elétricos. No entanto, alguns dispositivos eletrónicos (como telemóveis, computadores e televisões) utilizam corrente contínua internamente. Por isso, estes aparelhos vêm acompanhados de carregadores, que convertem a corrente alternada da tomada em corrente contínua antes de alimentar o dispositivo.
Já eletrodomésticos como máquinas de lavar, frigoríficos, fornos e aquecedores elétricos funcionam diretamente com corrente alternada, sem necessidade de conversão.
Vantagens da corrente alternada:
- Pode ser facilmente aumentada ou reduzida através de transformadores, permitindo o transporte eficiente da eletricidade.
- Quando utilizada em alta tensão, permite transportar energia a longas distâncias com menos perdas do que a corrente contínua em baixa tensão.
- A maior parte dos eletrodomésticos, motores elétricos e equipamentos industriais foi desenvolvida para funcionar diretamente com corrente alternada.
Desvantagens da corrente alternada:
- Como a corrente muda de direção constantemente, pode causar interferências em alguns dispositivos eletrónicos sensíveis.
- Baterias, dispositivos eletrónicos e painéis solares utilizam corrente contínua, exigindo conversores para adaptar a eletricidade da rede CA.
“Guerra das Correntes”: a origem da corrente contínua e alternada
O sistema de correntes contínuas e alternadas como hoje o conhecemos teve uma origem que foi tudo menos pacífica.
No final do século XIX, a eletricidade era dominada pelo sistema de corrente contínua (CC) de Thomas Edison, que defendia a sua utilização na rede elétrica. No entanto, a CC tinha grandes limitações, especialmente na transmissão de energia a longas distâncias, pois não podia ser facilmente convertida para tensões mais altas, o que resultava em grandes perdas de energia.
Nikola Tesla percebeu que a corrente alternada era muito mais eficiente, pois podia ser facilmente transformada para diferentes níveis de tensão usando transformadores. Desenvolveu motores e geradores de corrente alternada e trabalhou com George Westinghouse, que comprou as suas patentes e investiu na construção da primeira grande rede elétrica baseada em corrente alternada.
A famosa "Guerra das Correntes" entre Edison (CC) e Tesla/Westinghouse (CA) culminou na Exposição Universal de Chicago em 1893, onde o sistema de corrente alternada foi utilizado para iluminar a feira, demonstrando a sua superioridade. Em 1895, a Central Hidrelétrica das Cataratas do Niágara, baseada no sistema de Tesla, iniciou a transmissão de energia elétrica em CA para a cidade de Buffalo, Nova Iorque, consolidando o modelo como o padrão mundial para geração e distribuição de eletricidade. Hoje, a corrente alternada continua a ser o sistema utilizado na rede elétrica global.
Tensão vs. Frequência vs. Potência: Quais as diferenças?
Estes são alguns dos conceitos mais importantes para compreender o funcionamento (e o custo) da energia elétrica.
Tensão (Voltagem – V)
A tensão elétrica, também chamada voltagem, mede a diferença de potencial elétrico entre dois pontos de um circuito. É responsável por "empurrar" os eletrões através de um condutor, permitindo que a corrente elétrica flua. Pode ser comparada à pressão da água num cano – quanto maior a tensão, mais força tem a corrente elétrica.
O aumento ou redução a tensão é feito por transformadores. Na geração de energia elétrica, os transformadores aumentam a tensão para valores muito altos (como 100.000V ou mais). Isso reduz as perdas de energia na transmissão, permitindo que a eletricidade percorra longas distâncias com mais eficiência. Antes de chegar às casas e empresas, a tensão precisa ser reduzida para níveis seguros. Os transformadores nas subestações elétricas diminuem a voltagem para valores adequados ao consumo doméstico e industrial (ex.: 230V em Portugal).
Além disso, muitos dispositivos, como carregadores de telemóveis, televisões e computadores, utilizam corrente contínua (CC) em tensões mais baixas. Nesses casos, os transformadores integrados nos adaptadores convertem a CA da tomada para uma tensão mais baixa, que depois é transformada em corrente contínua.
Frequência (Hz – Hertz)
Já a frequência elétrica refere-se ao número de ciclos completos de oscilação que a corrente alternada realiza por segundo. A corrente alternada muda de direção periodicamente, e a frequência indica quantas vezes por segundo essa mudança ocorre, medida em Hertz (Hz).
Pode ser comparada a quantas vezes por segundo uma onda do mar sobe e desce. Em Portugal e na maior parte da Europa, a frequência da rede elétrica é 50 Hz (a corrente alterna de direção 50 vezes por segundo). Nos Estados Unidos, a frequência padrão é 60 Hz.
Amperagem ou intensidade da corrente elétrica (A - Ampère)
Esta é a medida do fluxo de eletrões num circuito elétrico. Quanto maior a corrente, mais eletrões estão a circular. Um carregador de telemóvel pode fornecer 2A, enquanto um chuveiro elétrico pode usar 30A ou mais.
Potência Elétrica (W - Watt)
A potência elétrica mede a quantidade de energia (em Watts) consumida ou gerada por um dispositivo elétrico. Por exemplo, uma lâmpada LED pode consumir 10W, enquanto um aquecedor elétrico pode usar 2000W (2 kW). A potência é obtida multiplicando a amperagem pela frequência.
Consumo de energia elétrica (kWh - Quilowatt-hora)
O kWh (quilowatt-hora) é a unidade de medida que representa a quantidade de energia elétrica consumida ou gerada ao longo do tempo. É a unidade usada nas faturas de eletricidade, pois indica o total de energia utilizada pelos aparelhos elétricos. A sua definição vem da multiplicação da potência do equipamento (em kW) pelo tempo de uso (em horas). Por exemplo, um aquecedor de 2.000W (2 kW) ligado por 3 horas consome 6 kWh de energia elétrica.
Entender o consumo em kWh é essencial para gerir a eficiência energética e reduzir custos. Quanto mais tempo um aparelho potente permanecer ligado, maior será o consumo. Além disso, o cálculo de kWh também é fundamental para dimensionar sistemas de energia renovável, como painéis solares, garantindo que a produção de energia seja suficiente para suprir a necessidade diária de uma casa ou empresa.
Corrente Contínua (CC) ou Corrente Alternada (CA): qual a mais adequada para si?
A escolha entre CC e CA depende das necessidades específicas da aplicação.
Para dispositivos eletrónicos portáteis, sistemas de energia solar com armazenamento em baterias ou aplicações que requerem uma fonte de energia constante e estável, a CC é geralmente mais adequada.
Por outro lado, para fornecimento de energia em residências, indústrias e transmissão em longas distâncias, a CA será a escolha ideal devido à sua eficiência e facilidade na transformação de tensão.
Na Galp, encontra soluções de energia para todos os estilos de vida. Desde planos de energia que lhe concedem descontos na fatura de luz e gás e ainda em combustíveis, a poupanças extra no supermercado, até a planos que integram a mobilidade elétrica e o sistema solar da sua casa. Conheça todos os planos de energia Galp.